A televisão experimental se relaciona com a história do desenvolvimento tecnológico e com as invenções relativas às formas televisivas desde suas origens à atualidade. A televisão experimental nos permite pesquisar em diversos níveis e entrar em diferentes campos (arte, sociologia, jornalismo, política, educação, tecnologia, etc.), bem como estudar novos formatos e estratégias audiovisuais vinculados à criação artística para aplicá-los aos meios televisivos.
Além disso, cria conteúdos com seu próprio sistema operativo e recorre à criatividade e à experimentação para desenvolver tanto seus conteúdos como as formas em que se apresentam. Desta maneira, investiga outras linguagens e formatos possíveis, ao mesmo tempo em que examina o futuro da televisão convencional.
Uma televisão de estrutura experimental deve responder a uma capacidade de transformação permanente e de desenvolvimento contínuo, tanto no aspecto conceitual como tecnológico. Uma estrutura destas características pode produzir e emitir seus conteúdos no entorno televisivo, e sua emissão deve ser oferecida através de canais de radiofreqüência que possam ser recebidos por um aparelho de televisão convencional. A difusão também pode ser realizada por Internet através de um webcast para ser recebida por milhares de computadores.
A televisão experimental se baseia na criatividade, na inovação e na experimentação através de atividades multidisciplinares, uso de maquinaria de vídeo, possibilidades de interatividade com a audiência, etc.
Uma das diferenças fundamentais entre uma televisão experimental e uma televisão convencional consiste em que a primeira não forma parte de corporações que têm seus critérios com base em interesses comerciais. A revolução digital supõe uma democratização da tecnologia, com uma espetacular redução dos custos da produção audiovisual. Porém, liberar os instrumentos requer novos espaços de livre expressão: deve-se fortalecer a cidadania cultural. Como fazê-lo? Liberando a parte que lhe corresponde do espaço radioelétrico, que é um bem público equiparável ao ar que respiramos ou à água que bebemos.
A emissão televisiva, tal como a conhecemos, é um ato muito limitado no que se refere à comunicação. O feedback (retroalimentação) é um ato comunicativo que permite que emissor e receptor realizem um intercâmbio: quem pergunta pode acabar respondendo. A televisão experimental que propomos permite inclusive que o espectador realmente reconfigure a programação para emitir uma mensagem que pode ser respondida por outros espectadores mediante uma emissão. Assim, propõe-se um meio de comunicação bidirecional que respeita a opção de expressar as diferentes realidades.
Mediante o uso de metodologias interdisciplinares próprias da experimentação na arte, comunicação e tecnologia, bem como na exploração jurídica, sociológica, educativa, etc., desde NK.TV foram geradas ferramentas de criação e emissão para a população. Pretende-se, deste modo, ter acesso a um intercâmbio de conhecimentos sobre as diversas facetas da comunicação televisiva com espectadores interativos: deve-se compartilhar o saber e encontrar, entre todos, as possibilidades técnicas que permitam difundi-lo.
É incontestável que a cidadania tem coisas a dizer. Mais do que nunca, existe uma demanda de espaço de expressão por parte dos movimentos sociais, das plataformas artísticas e das diferentes entidades comunitárias. Esta demanda translada o debate aos conteúdos e, por extensão, apresenta uma problemática que nos situa de maneira paradoxal entre a interação do mercado e o interesse público no âmbito da cultura e dos meios de comunicação.