Espanha vence na prorrogação e é campeã
 
 
Iniesta fez o gol histórico do título inédito da Espanha.
Em
uma final marcada muito mais pelos lances violentos do que pelos
bonitos, a seleção da Espanha coroou neste domingo o sucesso de uma
geração ao vencer a Holanda, por 1 a 0, no Estádio Soccer City, e se
sagrar pela primeira vez campeã do mundo. O herói do título foi
Iniesta, que anotou o gol salvador aos 11min do segundo tempo da
prorrogação.

A partida teve no total treze cartões amarelos e um vermelho
distribuídos pelo juiz Howard Webb e lances de extrema violência, como
uma entrada de "voadora" de De Jong em Xabi Alonso. O árbitro inglês
preferiu atuar na base da conversa ao invés de expulsar um jogador de
uma das duas equipes. Tanto que o cartão vermelho de Heitinga, que
havia cometido falta dura em Villa quando recebeu o amarelo, só foi
sair no segundo tempo da prorrogação.

Os comandados de Vicente del Bosque, que há dois anos encantaram o
mundo no título da Eurocopa, voltaram a cativar e fazer história. Tida
por diversas vezes como grande seleção nas previsões antes dos
Mundiais, os espanhóis acabavam decepcionando na hora H e ficaram com
fama de "amarelões". Desta vez, a situação mudou. Chegaram pela
primeira vez a uma semifinal de Copa, depois à primeira decisão e agora
ao inédito título. Além de terem alcançado uma marca histórica para o
país, os espanhóis se tornaram a primeira seleção europeia a conquistar
um título mundial fora do seu continente.

Foi a premiação para uma equipe de toques rápidos e envolventes, com um
belo entrosamento e que tem jogadores de muito talento como Xavi,
Iniesta e Villa. Apesar de um tropeço na primeira partida contra a
Suíça, os espanhóis deram a volta por cima durante o Mundial, deixando
para trás adversários como Portugal e Holanda. Se há um ano, os
espanhóis saíram da África como grande decepção da Copa das
Confederações, hoje dão a volta por cima agraciados com a taça.

Primeiro tempo
As duas equipes vieram com força máxima, sem surpresas em suas
escalações. Os holandeses mandaram a campo um time numerado de 1 a 11,
com o tradicional quarteto ofensivo de Robben, Sneijder, Kuyt e Van
Persie; do outro lado, Vicente del Bosque manteve Fernando Torres no
banco, escalando Pedro e Iniesta abertos para apoiar David Villa no
comando de ataque.

Como de costume, a Espanha tomou o controle do jogo nos primeiros
minutos, mantendo a posse de bola e trocando passes. A primeira chegada
de perigo também foi espanhola: aos 4min, Xavi ergueu na área em
cobrança de falta e Sergio Ramos cabeceou com violência, para excelente
defesa do goleiro Stekelenburg. Com 7min, Busquets deu um susto na
torcida ao errar passe displicente na intermediária, mas o chute de
fora da área de Kuyt não foi problema para Casillas.

Os comandados de Del Bosque seguiram mandando na partida e, aos 10min,
Sergio Ramos driblou Kuyt pela direita e bateu cruzado; a bola bateu em
Heitinga e foi para escanteio. Na cobrança, a jogada sobrou para Villa
na esquerda da área e o artilheiro bateu de primeira, mas acertou a
rede pelo lado de fora.

A Holanda não conseguia sair para o jogo e só foi ameaçar aos 17min, na
bola parada. Sneijder bateu falta de muito longe direto para o gol, mas
Casillas segurou firme. Aos poucos, o time laranja acertou a marcação
no meio e a partida ficou truncada, com muitas faltas e poucas chegadas
à frente. Em um intervalo de 13 minutos, o árbitro Howard Webb
distribuiu cinco cartões amarelos - porém, a solada de De Jong no peito
de Xabi Alonso aos 28min merecia o vermelho.

Aos 33min, um lance inusitado: De Jong foi devolver a bola para a
Espanha com um lançamento longo e quase encobriu Casillas, que foi
obrigado a espalmar para escanteio. Na cobrança, Van Persie manteve o
fair play e tocou para o goleiro espanhol. Quatro minutos depois, a
Holanda protagonizou outro momento pitoresco com uma furada de
Mathijsen no ataque.

Os espanhóis finalmente voltaram a finalizar aos 38min, com Pedro, que
arrancou pelo meio e arriscou de longe, para fora. Com 42min, foi a vez
de Xabi Alonso soltar a bomba em cobrança de falta e novamente errar o
alvo. A Holanda voltou a assustar no fim do primeiro tempo em chute de
Robben, mas Casillas garantiu o 0 a 0 antes do intervalo.

Segundo tempo
Logo aos 2min da segunda etapa, Capdevila teve a chance de colocar a
Espanha na frente, mas retribuiu a furada de Mathijsen no primeiro
tempo ao errar a bola na pequena área após cobrança de escanteio. A
Holanda respondeu aos 6min, em novo chute de fora da área de Robben,
que parou em Casillas outra vez.

A grande chance da Holanda, que mais batia que jogava, caiu nos pés de
Robben aos 16min. Sneijder descolou excelente passe para o camisa 11,
que saiu na cara do gol, mas Casillas desviou com o pé o chute do
atacante, mandando para escanteio. O jogo ficou mais aberto, com as
duas equipes saindo em busca do gol da vitória.

A Espanha respondeu na mesma moeda aos 24min. Jesús Navas cruzou
rasteiro da direita, a bola passou pela zaga e sobrou limpa para Villa
no bico da pequena área; porém, o chute do artilheiro espanhol foi
bloqueado de forma heroica por um carrinho de Heitinga. Villa parecia
com a pontaria descalibrada, e teve outro chute travado aos 31min. Na
cobrança de escanteio na sequência, Sergio Ramos apareceu sozinho para
cabecear, mas mandou por cima do travessão.

Robben teve uma segunda chance de abrir o placar aos 37min ao ganhar na
velocidade de Puyol e entrar na área, mas novamente foi abafado por
Casillas, que saiu bem e ficou com a bola. Foi a última oportunidade
clara de gol no tempo normal, e a partida se encaminhou sem gols para a
sexta prorrogação da história das finais de Copa do Mundo.

Prorrogação
Os goleiros iam se transformando nos melhores em campo na decisão. Aos
4min, Iniesta deixou Fàbregas na cara do gol, mas o meio-campista do
Arsenal bateu de pé esquerdo em cima de Stekelenburg, perdendo grande
chance. No minuto seguinte, a Holanda quase balançou as redes em
cabeçada de Mathijsen após escanteio, mas o zagueiro desviou para fora.

A Espanha parecia não querer o gol. Com 8min, Iniesta recebeu bola em
profundidade de Fàbregas, invadiu a área, hesitou demais para concluir
a jogada e acabou desarmado. Dois minutos depois, Navas chutou forte da
direita, a bola desviou em Van Bronckhorst e saiu para escanteio. Aos
13min, Fàbregas arrancou pelo meio e chutou para fora da entrada da
área.

No intervalo da prorrogação, Del Bosque sacou Villa para a entrada de
Fernando Torres, autor do gol do título da Euro 2008. Aos 4min,
finalmente a primeira expulsão do jogo: Heitinga derrubou Iniesta na
entrada da área e levou o segundo cartão amarelo. Na cobrança da falta,
Xavi bateu por cima da meta. Sneijder respondeu aos 9min, também em
chute forte na bola parada, mas a bola desviou na barreira e saiu.

Com 11min, veio o gol salvador. Fàbregas tocou para Iniesta na direita
da área e o jogador do Barcelona, que tanto hesitou em chutar durante a
partida, encheu o pé para estufar as redes de Stekelenburg. Os
holandeses reclamaram muito de impedimento, mas a posição do atleta era
legal.

Ficha técnica
Holanda 0 x 1 Espanha
Gol
Espanha: Iniesta, aos 11min do 2º tempo da prorrogação

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