O Conexões conversou com Joselito Crispim, que criou o Bagunçaço, em Alagados, ao sul de Salvador, e teve a missão de fazer com que os jovens tivessem orgulho das origens. O educador nato, através de sua criação dentro do Candomblé, onde as pessoas vivem numa comunidade e se ajudam, entendeu sua responsabilidade de fazer algo por seu povo. O projeto fortaleceu a auto-estima e uniu crianças de comunidades que não se falavam. Apresentação e Produção Executiva: José Junior. Direção: Rafael Dragaud.
vimeo.com/29729513miar
O Bagun Fest Latas é um evento feito pelo Grupo Cultural Bagunçaço, onde todo final de ano, é realizado um evento para que os beneficiados pelo projeto tenha uma oportunidade de mostrar o que aprendeu durante o ano e também um evento para encerrar as atividades da organização.
Hoje é o primeiro dia do Bagun Fest Latas, e as criança ficaram ansiosas e felizes nessa semana para chegar esse momento, de amostrar seus trabalhos aos seus pais e moradores da comunidade.
Hoje a noite terá uma sessão para todas as crianças e moradores da comunidade, onde eles possam ter uma oportunidade de ter acesso ao cinema, onde muitos que estarão no local, nunca tiveram acesso ao cinema. E o filme exibido hoje será: " Falcão, meninos do tráfico".
Bom gente espero que todos comente...
O que podemos fazer para acabarmos com as drogas na nossa comunidade???
Aguardando opiniões de todos.. ????
Luciano Soledade
Salvador, 23/07/2004
Alagados troca palafitas por terra firme
Na capital baiana, favela que já foi a
maior do país hoje luta para eliminar moradias precárias e com altos
riscos para os moradores
CHICO MENDES
da PrimaPagina
Em alguns lugares do Brasil a expressão “a casa cai” é só uma metáfora
para se referir a uma situação de perigo. Mas em Salvador, na Bahia,
mais precisamente no bairro de Alagados, a expressão é interpretada ao
pé da letra. Lá, as casas caem, literalmente.
Hoje, com cerca de três mil palafitas a situação é branda se comparada
com os anos 1960 e 1970. À época, Alagados era a maior favela do Brasil,
com cerca de 100 mil habitantes. Mesmo hoje, os perigos desse tipo de
construção continuam presentes. Para alguns moradores que já deixaram as
palafitas, será difícil esquecer os dias em que a “casa caiu”.
Dos sete anos em que residiu em uma palafita no bairro de Alagados 4,
Andréa Oliveira Teles a refez 14 vezes. Ou seja, ela reconstruía sua
palafita duas vezes ao ano. “Isso não é vida pro ser humano. É muito
sufoco”, diz. Dos utensílios domésticos que Andréa tinha só lhe restou a
roupa do corpo. “Dá última vez, a maré destruiu tudo”.
A maré que destrói as palafitas é também a que separa os casais. Cansada
do sofrimento e da agonia de conviver com o imprevisto, Andréa desistiu
de refazer pela 15° vez a sua palafita. Foi para casa dos pais, mas
teve que deixar o marido, José Carlos Ferreira, para trás. “Ele foi
morar com o pai, e eu vim com nossa filha pra casa de minha mãe”, conta.
Não bastasse a angústia de esperar o dia em que a água invadisse a
palafita, os moradores também enfrentam o estigma da falta de recursos
básicos de uma moradia. Banheiro, praticamente não existe. Tudo é na
base do improviso. “A gente faz um buraco na madeira e aí cai na água”,
conta Andréa. Algumas décadas atrás, por exemplo, a população
economizava com o gás de cozinha. Não que a situação fosse melhor
naqueles tempos, afinal, o gás era proveniente da combustão do lixo que
foi usado para aterrar algumas áreas de Alagados. “Eles colocavam um
tubo que conduzia o gás produzido pela combustão do lixo e usavam em
suas casas”, conta César Ramos, gerente de projetos da Secretaria de
Habitação do Ministério das Cidades.
A realidade em Alagados começa a mudar vagarosamente. No final dos anos
1970, após um robusto investimento do governo federal através do extinto
programa do Banco Nacional de Habitação (BNH), as palafitas foram
eliminadas. Porém, não tardou para que uma nova invasão ocorresse. Hoje,
aos poucos, as famílias são retiradas das palafitas e transferidas para
casas de alvenaria, construídas com recursos do Estado, União, Banco
Mundial e BID.
Em Alagados 4 e 5, regiões atingidas pelo programa Habitar BID/Brasil
que tem o apoio do PNUD, 121 famílias dormem mais tranqüilas, sem que o
pesadelo da água invadindo a palafita atrapalhe o sono.
Experiência vivida por Silvana Corrêa dos Santos ilustra bem o porquê
das noites de pesadelo. “Estávamos dormindo, de repente deu um estalo na
cozinha. Metade da palafita havia desabado, inclusive uma parte do
quarto dos meninos, que correram para parte da sala que continuava de
pé”. Mesmo assim, sem ter para onde ir, ela reconstruiu a palafita,
comprou novos móveis, fogão e geladeira que havia perdido no acidente.
Não demorou muito para ela enfrentar problema igual. Certa tarde, ainda
no trabalho, Silvana conta que ligaram avisando que a água estava
subindo. “Chovia muito naquele dia, e quando cheguei só deu tempo de
salvar a geladeira, a cama e o sofá”, relata. O fogão, caiu novamente.
Silvana vive hoje em um dos conjuntos do programa Habitar/Brasil.
Debaixo do teto de concreto e da parede de alvenaria, ela se sente muito
mais segura. “Mudou muito. Mas ainda falta policiamento”, afirma.
Polícia, aliás, que ela teme mais do que a maré que levou os seus bens.
“Quando eles chegavam, era bala pra todo o lado”.
Além das casas, o projeto também oferece aos moradores cursos sobre
reaproveitamento de alimentos, educação ambiental, entre outros. Segundo
Glória Novaes, coordenadora da área social do programa, a idéia inclui a
utilização do espaço público, como as praças, para entretenimento.
“Passamos filmes para os moradores, fazemos gincana ecológica e outras
atividades”.
Os riscos
Das moradias precárias, a palafita é a que apresenta os maiores riscos à
vida, de acordo com o secretário de Habitação do Ministério das
Cidades, Jorge Hereda. Também pode ser classificada como imprevisível,
uma vez que é difícil de prever quando a estrutura vai desabar.
As pontes improvisadas, feitas de madeira, que servem como meio de
locomoção para os moradores, são tão “firmes” como as palafitas. Quando
alguém cai, não é água que absorve o impacto, mas sim o esgoto. “As
pontes são muito precárias. É um dos problemas para quem vive nas
áreas”, diz Hereda.
O avanço das palafitas nos meios urbanos é o retrato de como o solo das
cidades é disputado, segundo o secretário de Habitação. “Esse é um
aspecto perverso que caracteriza a ocupação”. Porém, há locais onde os
riscos de habitar uma palafita é menor, como, por exemplo, nas
comunidades ribeirinhas da região amazônica. Para Hereda, esse é um
aspecto cultural e não uma necessidade.
Não há no Brasil números exatos sobre quantas pessoas vivem em
palafitas. Mas há um consenso entre os que conhecem esse tipo de
habitação: que um dia, “a casa cai”, literalmente.
Espanha vence na prorrogação e é campeã
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Iniesta fez o gol histórico do título inédito da Espanha. |
Em
uma final marcada muito mais pelos lances violentos do que pelos
bonitos, a seleção da Espanha coroou neste domingo o sucesso de uma
geração ao vencer a Holanda, por 1 a 0, no Estádio Soccer City, e se
sagrar pela primeira vez campeã do mundo. O herói do título foi
Iniesta, que anotou o gol salvador aos 11min do segundo tempo da
prorrogação.
A partida teve no total treze cartões amarelos e um vermelho
distribuídos pelo juiz Howard Webb e lances de extrema violência, como
uma entrada de "voadora" de De Jong em Xabi Alonso. O árbitro inglês
preferiu atuar na base da conversa ao invés de expulsar um jogador de
uma das duas equipes. Tanto que o cartão vermelho de Heitinga, que
havia cometido falta dura em Villa quando recebeu o amarelo, só foi
sair no segundo tempo da prorrogação.
Os comandados de Vicente del Bosque, que há dois anos encantaram o
mundo no título da Eurocopa, voltaram a cativar e fazer história. Tida
por diversas vezes como grande seleção nas previsões antes dos
Mundiais, os espanhóis acabavam decepcionando na hora H e ficaram com
fama de "amarelões". Desta vez, a situação mudou. Chegaram pela
primeira vez a uma semifinal de Copa, depois à primeira decisão e agora
ao inédito título. Além de terem alcançado uma marca histórica para o
país, os espanhóis se tornaram a primeira seleção europeia a conquistar
um título mundial fora do seu continente.
Foi a premiação para uma equipe de toques rápidos e envolventes, com um
belo entrosamento e que tem jogadores de muito talento como Xavi,
Iniesta e Villa. Apesar de um tropeço na primeira partida contra a
Suíça, os espanhóis deram a volta por cima durante o Mundial, deixando
para trás adversários como Portugal e Holanda. Se há um ano, os
espanhóis saíram da África como grande decepção da Copa das
Confederações, hoje dão a volta por cima agraciados com a taça.
Primeiro tempo
As duas equipes vieram com força máxima, sem surpresas em suas
escalações. Os holandeses mandaram a campo um time numerado de 1 a 11,
com o tradicional quarteto ofensivo de Robben, Sneijder, Kuyt e Van
Persie; do outro lado, Vicente del Bosque manteve Fernando Torres no
banco, escalando Pedro e Iniesta abertos para apoiar David Villa no
comando de ataque.
Como de costume, a Espanha tomou o controle do jogo nos primeiros
minutos, mantendo a posse de bola e trocando passes. A primeira chegada
de perigo também foi espanhola: aos 4min, Xavi ergueu na área em
cobrança de falta e Sergio Ramos cabeceou com violência, para excelente
defesa do goleiro Stekelenburg. Com 7min, Busquets deu um susto na
torcida ao errar passe displicente na intermediária, mas o chute de
fora da área de Kuyt não foi problema para Casillas.
Os comandados de Del Bosque seguiram mandando na partida e, aos 10min,
Sergio Ramos driblou Kuyt pela direita e bateu cruzado; a bola bateu em
Heitinga e foi para escanteio. Na cobrança, a jogada sobrou para Villa
na esquerda da área e o artilheiro bateu de primeira, mas acertou a
rede pelo lado de fora.
A Holanda não conseguia sair para o jogo e só foi ameaçar aos 17min, na
bola parada. Sneijder bateu falta de muito longe direto para o gol, mas
Casillas segurou firme. Aos poucos, o time laranja acertou a marcação
no meio e a partida ficou truncada, com muitas faltas e poucas chegadas
à frente. Em um intervalo de 13 minutos, o árbitro Howard Webb
distribuiu cinco cartões amarelos - porém, a solada de De Jong no peito
de Xabi Alonso aos 28min merecia o vermelho.
Aos 33min, um lance inusitado: De Jong foi devolver a bola para a
Espanha com um lançamento longo e quase encobriu Casillas, que foi
obrigado a espalmar para escanteio. Na cobrança, Van Persie manteve o
fair play e tocou para o goleiro espanhol. Quatro minutos depois, a
Holanda protagonizou outro momento pitoresco com uma furada de
Mathijsen no ataque.
Os espanhóis finalmente voltaram a finalizar aos 38min, com Pedro, que
arrancou pelo meio e arriscou de longe, para fora. Com 42min, foi a vez
de Xabi Alonso soltar a bomba em cobrança de falta e novamente errar o
alvo. A Holanda voltou a assustar no fim do primeiro tempo em chute de
Robben, mas Casillas garantiu o 0 a 0 antes do intervalo.
Segundo tempo
Logo aos 2min da segunda etapa, Capdevila teve a chance de colocar a
Espanha na frente, mas retribuiu a furada de Mathijsen no primeiro
tempo ao errar a bola na pequena área após cobrança de escanteio. A
Holanda respondeu aos 6min, em novo chute de fora da área de Robben,
que parou em Casillas outra vez.
A grande chance da Holanda, que mais batia que jogava, caiu nos pés de
Robben aos 16min. Sneijder descolou excelente passe para o camisa 11,
que saiu na cara do gol, mas Casillas desviou com o pé o chute do
atacante, mandando para escanteio. O jogo ficou mais aberto, com as
duas equipes saindo em busca do gol da vitória.
A Espanha respondeu na mesma moeda aos 24min. Jesús Navas cruzou
rasteiro da direita, a bola passou pela zaga e sobrou limpa para Villa
no bico da pequena área; porém, o chute do artilheiro espanhol foi
bloqueado de forma heroica por um carrinho de Heitinga. Villa parecia
com a pontaria descalibrada, e teve outro chute travado aos 31min. Na
cobrança de escanteio na sequência, Sergio Ramos apareceu sozinho para
cabecear, mas mandou por cima do travessão.
Robben teve uma segunda chance de abrir o placar aos 37min ao ganhar na
velocidade de Puyol e entrar na área, mas novamente foi abafado por
Casillas, que saiu bem e ficou com a bola. Foi a última oportunidade
clara de gol no tempo normal, e a partida se encaminhou sem gols para a
sexta prorrogação da história das finais de Copa do Mundo.
Prorrogação
Os goleiros iam se transformando nos melhores em campo na decisão. Aos
4min, Iniesta deixou Fàbregas na cara do gol, mas o meio-campista do
Arsenal bateu de pé esquerdo em cima de Stekelenburg, perdendo grande
chance. No minuto seguinte, a Holanda quase balançou as redes em
cabeçada de Mathijsen após escanteio, mas o zagueiro desviou para fora.
A Espanha parecia não querer o gol. Com 8min, Iniesta recebeu bola em
profundidade de Fàbregas, invadiu a área, hesitou demais para concluir
a jogada e acabou desarmado. Dois minutos depois, Navas chutou forte da
direita, a bola desviou em Van Bronckhorst e saiu para escanteio. Aos
13min, Fàbregas arrancou pelo meio e chutou para fora da entrada da
área.
No intervalo da prorrogação, Del Bosque sacou Villa para a entrada de
Fernando Torres, autor do gol do título da Euro 2008. Aos 4min,
finalmente a primeira expulsão do jogo: Heitinga derrubou Iniesta na
entrada da área e levou o segundo cartão amarelo. Na cobrança da falta,
Xavi bateu por cima da meta. Sneijder respondeu aos 9min, também em
chute forte na bola parada, mas a bola desviou na barreira e saiu.
Com 11min, veio o gol salvador. Fàbregas tocou para Iniesta na direita
da área e o jogador do Barcelona, que tanto hesitou em chutar durante a
partida, encheu o pé para estufar as redes de Stekelenburg. Os
holandeses reclamaram muito de impedimento, mas a posição do atleta era
legal.
Ficha técnica
Holanda 0 x 1 Espanha
Gol
Espanha: Iniesta, aos 11min do 2º tempo da prorrogação
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Oi dudu vai ensaio
15 horas
MASSARANDUBA / ALAGADOS
Tendo o seu nome retirado das árvores que cresciam entre o massapé,
cujos frutos eram disputados pelas crianças, o bairro da Massaranduba
está localizado na Peníssula Itapagipana entre os bairros da Ribeira,
Bonfim, Jardim Cruzeiro e o mar da Baía de Todos os Santos. Suas
primeiras habitações foram erguidas sobre o mangue e se constituíam de
palafitas. No século XX, por volta da década de 40, o bairro foi
aterrado com entulhos trazidos da praia da Ribeira, tendo a sua
urbanização iniciada na década seguinte. Suas ruas planas, como todas
as outras da peníssula, respiram ares de cidade interiorana. As praças
da Redenção e Massaranduba e a igrejinha de São Jorge são pontos de
lazer e devoção para os seus moradores.
Em 1949, foi ano de duas festividades marcantes: o Quarto Centenário de
Fundação da Cidade e o Primeiro de Nascimento do Jurisconsulto Ruy
Barbosa. Neste tempo, os contrastes da cidade ficavam cada vez mais
aparentes e eram traduzidos nas diferentes formas e locais de moradia.
Situado às margens do Caminho de Areia, local conhecido como Jardim
Cruzeiro, as moradias começavam a avançar mar à dentro. Os invasores,
para se protegerem das constantes ações de despejo, deram ao local o
nome de Villa Ruy Barbosa. A estratégia deu resultado e constrangeu as
ações do poder público contra uma Villa que levava o nome do
Jurisconsulto, no ano do seu centenária.
Começava, assim, a formação dos Alagados.
Alagados traz em si a poética triste da pobreza de Salvador. Viver na
maré, construir o lar em cima das águas, em cima da lama, apresenta,
não só os contrastes da cidade, mas, principalmente, a criatividade e o
desespero de ter o sonho da própria casa.
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Área
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PENÍNSULA E COMÉRCIO |
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Depoimentos
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"Todo turista em Salvador vinha conhecer os Alagados. Tinha fila de ônibus pra explorar nosso sofrimento."
Margarida Oliveira dos Santos - Sociedade 1.o. de Maio - Novos Alagados
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)
"Se a gente começar a trabalhar aqui a gente vai crescer, vai
enriquecer.... não em dinheiro, mas em instrumentos... a comunidade vai
se tornar muito boa. O que está faltando é investimento. As pessoas
olharem para a comunidade de Novos Alagados com uma visão diferente."
Jorge Ravinny - Liderança cultural de Boiadeiro/Plataforma
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)
"Descobri meu lugar, e daqui ninguém me tira"
Maria José Da Silva Rocha - Agente de saúde e do Programa de Redução de Danos do CETAD - Boiadeiro/Novos Alagados.
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)
"Muitos tinham vergonha de dizer que residiam aqui. Alguns preferiam
saltar do ônibus muito longe de casa e vir andando para não dizer onde
moravam."
Idelson Moura de Almeida - Sociedade 1.o. de Maio - Novos Alagados
(Quem faz Salvador, 2002, Cd-Room, Ufba)
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Na Mídia |
:: CARÊNCIA E EXCLUSÃO SOCIAL NA MASSARANDUBA
A TARDE, 23.10.1999, p. 4, Eduarda Uzêda
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:: BATENDO LATA
CORREIO DA BAHIA, 15.12.2004, Aqui Salvador, p. 8, Jane Fernandes
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:: ALAGADOS: NA MAIOR FAVELA DO PAÍS UM DESAFIO À CIVILIZAÇÃO
Diário de notícias, 13.10.1976, Caderno
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:: FESTA EM NOVOS ALAGADOS
CORREIO DA BAHIA, 20.12.2006, Aqui Salvador, p. 8, Mariana Rios
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Atrativos
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- CINE-TEATRO ALAGADOS
O Cine-teatro Alagados foi fundado em 28 de janeiro de 1982, próximo ao
fim de linha do Uruguai. Apesar do nome, a programação do espaço se
restringiu à exibição de filmes, a exemplo de A Grande Feira, A Rosa,
Os Trapalhões.
Em nenhum momento grupos de teatro de Alagados utilizaram o
cine-teatro. Em 1987, com a mudança de governo, o imóvel foi abandonado
e em pouco tempo as ações de vandalismo fecharam as portas do
Cine-Teatro Alagados. Na década de 90, o prédio, ainda degradado,
passou a ser ocupado pela Associação de Capoeira Filhos do Sol Nascente.
- IGREJA NOSSA SENHORA DOS ALAGADOS
A Igreja de Nossa Senhora dos Alagados foi inaugurada pelo papa João
Paulo II em 07 de julho de 1980, quando visitou a Bahia, em ato
transmitido para quase todo o mundo católico. Tem um estilo
arquitetônico moderno, embora com três abóbadas e quatro arcos, além de
um jardim interno através da nave central. Construída na parte alta do
Uruguai, vizinha à região de Alagados, a igreja é um dos maiores
referenciais do bairro. A área ocupada hoje pelo templo e construções
adjacentes corresponde ao que antes era a Ilha de Santa Luzia, que
desapareceu com o processo contínuo de aterro. A imagem de Nossa
Senhora dos Alagados foi produzida pelo escultor Manuel Dantas.
- BAGUNÇAÇO
O Centro Cultural Bagunçaço é uma entidade civil sem fins lucrativos,
que teve início em 1991 quando um morador do local, Joselito Crispim
Assis, sentiu a importância das brincadeiras com latas de grupos de
crianças nas ruas. A idéia era organizar a bagunça sonora produzida por
estes grupos e angariar o apoio da comunidade. Hoje é considerado um
dos centros da comunidade de Alagados.
Muitos jovens têm acesso a uma biblioteca, a aulas de cidadania
envolvendo atividades educativas diversas como teatro e oficinas de
reciclagem de lixo. Há também um movimento ecológico criado pelo
Bagunçaço que é o Projeto Ilha do Rato, que luta pela preservação da
pequena ilha localizada no meio dos Alagados.
Além da Banda de Percussão Bagunçaço, formada por adolescentes que
utilizam instrumentos confeccionados por eles mesmos, a partir do
reaproveitamento de embalagens usadas, tonéis de carbureto, latas de
manteiga, de solvente, de biscoitos importados transformam-se em
música. A partir dessa banda, muitas outras surgiram (a banda
Dilatasom, Banda Explode e a Sucatamania, por exemplo), sempre com o
mesmo princípio de reaproveitamento do lixo, para confecção dos
instrumentos.
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Personagens
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- MÃE AMÉRICA
América do Carmo Santana Cabral, ou Mãe América como é conhecida no
bairro da Massaranduba, tem 80 anos e é mãe de santo, filha de Iansã.
Conhecida como uma mulher lutadora, Mãe América é respeitada na
comunidade em que vive, por sua austeridade, firmeza e força. Sua
história de vida é marcada pela incompreensão da família quanto à sua
opção religiosa e seu comportamento, que desde a infância revelava uma
ligação com o sobrenatural. Criada pela mãe e padrasto católicos,
chegou a ser levada para morar no Convento das Mercês, onde permaneceu
por apenas seis meses. Ao ser rejeitada pela família, passou a viver
perambulando pelas ruas, até conhecer Dona Estelita, mãe de santo, que
a acolheu em sua casa e lhe deu ensinamentos sobre o candomblé.
Mãe América se tornou uma vendedora de acarajé muito conhecida e
elogiada, tendo sucesso em seu empreendimento. Pessoas de diversos
bairros iam até a Massaranduba em busca dos quitutes preparados pela
baiana. Caridosa, ajudava pessoas doentes e necessitadas
financeiramente, atitude que a aproximou de Irmã Dulce, quem considera
uma grande amiga. Comandando o Terreiro Ilê Asé Ogunjá Tiluaiê Orubaia,
Mãe América passou os ensinamentos do candomblé para seus filhos e
aprendizes, mas sua família é marcada pelo sincretismo religioso, pois
entre os seus 16 filhos tanto há seguidores do candomblé, como também
do catolicismo, como o padre Clóvis Cabral. Mestre dos preceitos do
candomblé, Mãe América transmite não apenas os conhecimentos
espirituais, mas a sabedoria que adquiriu na sua longa e difícil vida.
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Organização do Bagun Fest Lata 2009
Neste domingo(20), os jovens da comunidade dos Alagados, que fazem parte do Grupo Cultural Bagunçaço, estavam felizes por estarem comemorando mais um aniversário do Grupo e assim fazendo mais uma edição do Fetival de Bandas de Latas que é realizado todo final de ano, com as crianças, jovens, voluntários e pessoas da comunidade que vão contribuir para essa confraternização.
Desde cedo as crianças ficaram na expectativa e ansiedade para mostrar seus trabalhos ao pais e aos moradores da comunidade. Os figurinos foram feitos por eles mesmos com mateiras reciclados e um estilo exótico, alguns foram confeccionados com ajudas dos próprios pais.
Este ano teve uma novidade no Festival, que foi as Videos Conferências feita com pessoas que ajudam ou são amigos do Bagunçaço e tivemos contatos diretos através de um software com pessoas de vários países como: India, Suécia, Espanha, Moçambique. Onde os mesmos deixaram mensagem para a comunidade do Bagunçaço.
Neste Festival teve apresentação das Bandas: As Gatinhas, Meninos do Bate Estaca, Dragões Negro, D'Assis, Som na Lata, Coral Bagun, Sinfônica, onde animaram os convidados que esteve presente.
Todo o Festival foi coberto pela Imprensa do Tv Lata, onde foi transmitido ao vivo pelo site para mais de 120 países, onde os internautas poderia mandar menssagem e curti o gingado baiano.
Por Uma Globalização de Amizades
Costumamos usar a palavra globalização no nosso dia-a-dia para se referir a um conjunto de transformações que caracterizam as sociedades dos nossos dias. Supõe-se que tal palavra significa a ligação cada vez mais instantânea entre as diversas partes do mundo quer seja no campo económico, político, cultural e social. A recente crise financeira mundial teve origem nos Estados Unidos e seus efeitos se fazem sentir ainda hoje nos mais diversos cantos do mundo. Numa aldeia super recôndida de Moçambique, através da TVcabo, DSTV, etc, é possível assistir ao vivo um jogo de futebol que se realiza na Inglaterra, Espanha, assistir às telenovelas da Rede Globo, etc. Se prestarmos um pouco mais atenção apercebemo-nos que o que na maior parte das vezes nos referimos quando usamos a palavra globalização é, na maior parte das vezes, a “globalização” dos então considerados país mais desenvolvidos do mundo. Nós, os da “periferia do mundo” limitamo-nos, muitas vezes, apenas em consumir tais “produtos” dos países desenvolvidos embrulhados por uma capa chamada “global”. Calçamos uma tenis Nike, queremos ter último IPOD sonhamos com uma Mercedes classe C, assistimos ao CNN, EURONEWS, gostamos de um bom Hamburguer da McDolnad’s ou KFC, etc.
Não estou querendo dizer que a globalização é má e nem que ela toma apenas uma direcção. Estou apenas levantando algumas constatações.
Na verdade a transmissão ao vivo do bagun-fest’latas, ontem, pela Tvlata prova de que a globalização pode ser assumida de forma positiva e que podem os países da periferia propor suas visões do mundo para outros países ditos da periferia e para os também considerados países do centro. A Tvlata é uma televisão educativa onde os adolescentes são os principais protagonistas. Infelizmente a transmissão das imagens não chegou em perfeitas condições no meu monitor aqui em Moçambique mas, mesmo assim pude ver uma parte do espectáculo e interagir pelo chat com gente de varias partes do Brasil e do mundo. Vi participações de São Paulo, de Recife, Brasília, da Índia, Suécia, Franca, Espanha, EUA e muitos outros lugares. Vi uma verdadeira globalização de amizades entre os diversos cantos do mundo. Iniciativas deste género são bastante interessantes para serem multiplicadas.
Por: Emílio Agostinho Jamine
Maputo — Moçambique
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